domingo, 9 de dezembro de 2007

Alguns ácidos graxos, como o linoléico, são essenciais para os mamíferos

Os lipídios dos animais e vegetais são muito ricos em ácidos graxos insaturados. Eles são os componentes de fosfolipídios estruturais das membranas celulares, sendo, portanto, indispensáveis para a organização das membranas e para a ocorrência das funções a elas associadas. Além de determinarem a fluidez adequada das membranas celulares e a integridade e a resistência dos capilares sangüíneos, participam também do transporte do colesterol. Determinados ácidos graxos, que não podem ser sintetizados pelas células de mamíferos, destacam-se ainda mais, por originarem moléculas reguladoras.
O ácido palmítico é o precursor utilizado para a formação de ácidos graxos saturados mais longos ou insaturados.
Os sistemas enzimáticos de mamíferos incubidos do alongamento situam-se no retículo endoplasmático e na mitocôndria. Amos os sistemos promovem adições sucessivas se unidades de dois carbonos, por meio de uma reação de condensação, seguida por redução, desidratação e nova redução, ou seja, a mesma seqüência de etapas que levam à síntese de palmitato. Na via que ocorre no retículo endoplasmático, o substrato doador de carbonos é malonil-CoA e o agente redutor, NADPH; na mitocôndria, o alongamento utiliza acetil-CoA, NADH e NADPH.
A células animais têm uma capacidade de sintetizar ácidos graxos insaturados muito menor do que as células vegetais. Os mamíferos, incluindo os seres humanos, dispõem de dessaturases que produzem insaturações apenas nas posições Δ4, Δ5, Δ6 e Δ9, não havendo possibilidade de introdução de duplas ligações entre carbonos mais distantes da carboxila do que C9. Todavia, ácidos graxos contendo insaturações além de C9, como por exemplo, Δ12 (ω-6), o ácido linoléico e Δ15 (ω-3), são imprescindíveis para esses organismos. Tais ácidos graxos são obtidos de plantas, que têm dessaturases capazes de sintetizar essas duplas ligações.
As dessaturases de mamíferos fazem parte de um sistema enzimático ligado ao retículo endoplasmático, que inclui citocromo b5 e requer NADH e O2. Este sistema produz os ácidos graxos monoinsaturados mais comuns nos tecidos animais: palmitoleico (ω-7) e oléico (ω-9), por meio da introdução de uma dupla ligação na posição Δ9 do ácido palmítico e esteárico, repectivamente.
As células vegetais são capazes de adicionar uma dupla ligação Δ12 ao ácido oléico, convertendo-o em ácido linoléico, que sofre uma insaturação adicional (Δ15) e origina o ácido α-linolênico.
Os ácidos que não podem ser sintetizados pelos mamíferos devem ser obtidos da alimentação, sendo, por isto, ditos essenciais. Os ácidos graxos reconhecidamente essenciais para os seres humanos são os ácidos linoléico (ω-6) e α-linolênico (ω-3). A partir dos essenciais, o organismo humano sintetiza, por meio de reações alternadas de dessaturação e alongamento, duas famílias de ácidos graxos mais longos e com maior número de insaturações: a família ω-6, derivada do ácido linoléico, e a família ω-3, do ácido α-linolênico.
A dessaturação do ácido linoléico produz o ácido γ-linolênico. Este ácido graxo sofre alongamento de dois carbonos que resulta em alteração da posição das insaturações - deslocamento de dois carbonos a partir da carboxila - e formação de um intermediário. A quarta insaturação introduzida é a Δ5, originando o ácido arquidônico, que é o ácido graxo poliinsaturado de cadeia longa mais abundante nas membranas da maioria das células humanas.

O ácido α-linolênico (ω-3) também é submetido a reações de insaturação e alongamento, formando diversos derivados, dentre os quais se salientam os ácidos eicosapentaenóico (EPA) e docosaexaenóico (DHA), por serem particularmente abundantes no sistema nervoso central e retina. O ácido α-linolênico é o principal ácido graxo essencial do tipo ω-3 da dieta humana; sua conversão em EPA e DHA, em quantidades adequadas para sustentar o desenvolvimento normal do organismo humano, em especial do cérebro e da retina, é controversa. Deste modo, as necessidades de ácido α-linolênico na dieta são, ainda, obscuras.
As deficiências de ácidos graxos essenciais ω-3 e / ou ω-6 acarretam diversas síndromes que podem ser fatais. Os mecanismos bioquímicos envolvidos - além, naturalmente, da alteração do perfil lipídico do organismo, principalmente do sistema nervoso – não estão estabelecidos, mas podem incluir desde alterações da atividade enzimática e de sistemas transportadores, até a modulação de expressão gênica. Um dos destinos metabólicos conhecidos dos ácidos graxos essenciais é a sua conversão em compostos fisiologicamente importantes.


Bibliografia: TORRES, B & MARZZOCCO, A. Bioquímica Básica.

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